Um senador do partido da Liga do Norte comparou
Cecile Kyenge, primeira ministra negra da história da Itália, a um orangotango,
o que provocou a reação do chefe de Governo, Enrico Letta.
Neste sábado (13), durante uma reunião de seu
partido em Treviglio (norte), o senador Roberto Calderoli, conhecido por suas
declarações polêmicas, declarou que a ministra de origem congolesa, Cecile
Kyenge, "faz bem de ser ministra, mas deveria o ser em seu país (...) Eu
me consolo quando navego na internet e vejo as fotos do governo. Adoro animais
(... ), mas quando vejo imagens de Kyenge, não posso deixar de pensar em suas
semelhanças com um orangotango, mesmo que eu não diga que ela seja um
deles".
Essas declarações imediatamente repercutiram nas
redes sociais, provocando uma onda de indignação.
Neste domingo, em um comunicado oficial, Enrico
Letta reagiu pessoalmente: "as palavras que apareceram hoje na imprensa e
atribuídas ao senador Calderoli sobre Cecile Kyenge são inaceitáveis e
ultrapassam qualquer limite".
Em um comunicado, ele também expressou "sua
plena solidariedade e apoio à Cecile".
O presidente do Senado, Pietro Grasso, exigiu
desculpas formais de Calderoli.
Cecile declarou neste domingo à agência de notícias
Ansa que "não toma pessoalmente as palavras de Calderoli, mas elas me
entristecem por causa da imagem que dão à Itália". 'Eu acredito que todas
as forças políticas devem considerar o uso que fazem da comunicação".
Em 2006, Calderoli precisou renunciar sob o governo
Berlusconi após se exibir com um camiseta anti-islã sobre Maomé.
Desde sua nomeação, Kyenge precisou enfrentar
várias manifestações hostis por parte da Liga do Norte, um partido aliado ao
Povo da Liberdade de Silvio Berlusconi.
Desde sua posse, no final de abril, a ministra foi
alvo de agressões verbais e até ameças de morte postadas em sites racistas e em
sua página oficial no Facebook.
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