Pais de alunos de uma escola municipal de Muniz
Freire, no Sul do Espirito Santo, estão revoltados com a informação de que os
estudantes têm sido separados de acordo com a posição social da família.
Segundo os pais, os alunos com maior poder aquisitivo são colocados em uma sala
de aula, enquanto os de menor renda são postos em outra. A secretária do
colégio alega que tentaram uma distribuição por ordem alfabética, mas disse que
houve resistência de pais com melhores condições financeiras. Após a denúncia,
o Ministério Público enviou uma notificação de discriminação social à
prefeitura. A prefeitura foi procurada mas não falar sobre o assunto.
A escola em questão é a Lia Terezinha Merçon Rocha,
que atende a cerca de mil alunos, da 1ª à 8ª série do ensino fundamental. Em
uma cidade com pouco mais de 18 mil habitantes e nenhuma escola particular, a
secretária do colégio, Marinha Carvalho, alegou que a direção tentou organizar
as turmas por ordem alfabética, mas os pais com maior poder aquisitivo
reclamaram. “Teve a divisão e alguns pais não concordaram. As crianças tinham
se adaptado com a divisão de turmas por ordem alfabética, mas depois houve a
separação”, disse Marinha Carvalho.
A diretora da unidade de ensino informou que a
determinação de separar as turmas partiu do Conselho Municipal de Educação e o
critério seria por rendimento. Contra a decisão, a então secretária de educação
de Muniz Freire pediu demissão logo após o carnaval. O Ministério Público já
enviou uma notificação à prefeitura e recomendou a separação dos estudantes por
ordem alfabética.
Segundo o promotor de Justiça Elion Vargas, o
critério, anteriormente, era subjetivo. “Eles faziam do jeito que queriam. Mas,
agora será por ordem alfabética e, assim, os beneficiados estarão juntos
àqueles que foram discriminados. Não é admissível hoje, em uma sociedade que
preza pela educação e pela igualdade na educação, a gente aceitar um fato que
remonta a Idade Média, em que separavam os nobres da plebe”, declarou.